Resoluções Aprovadas da LASA
Política de Obama
Resolução sobre a Política de Obama
Considerando que: A Associação de Estudos Latino-Americanos (LASA) é a maior associação profissional do mundo para indivíduos e instituições envolvidos no estudo da América Latina e do Caribe. Com mais de 7.000 membros, quarenta e cinco por cento dos quais residem fora dos Estados Unidos, a LASA é a única associação que reúne especialistas na América Latina de todas as disciplinas e diversos empreendimentos ocupacionais em todo o mundo. Durante décadas, membros da LASA têm falado em defesa da democracia e dos Direitos Humanos no hemisfério ocidental e em apoio a relações pacíficas e respeitosas entre os estados da região.
Considerando que: A política do Presidente Obama em relação à América latina não conseguiu cumprir até agora as esperanças geradas pela sua presença na Cúpula das Américas, em 2009, de acordo com as quais Estados Unidos apoiariam a democracia, os direitos humanos, a justiça social e a soberania nacional de modo vigoroso e consistente; e
Considerando que: O embargo a Cuba não foi levantado, e, apesar do apelo unânime dos membros da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) no sentido de extingui-lo, Cuba continua listada como um estado patrocinador do terrorismo, e que viagens a Cuba por parte de cidadãos norte-americanos continuam sendo severamente restritas; e
Considerando que: A administração Obama tem demonstrado uma hostilidade persistente em relação aos governos progressistas da América Latina, particularmente em relação à Venezuela e à Bolívia, e tem mantido relações estreitas com governos com maus indicadores de direitos humanos, como o México, a Colômbia e Honduras; e
Considerando que: O militarismo do Plano Colômbia e do Plano Mérida e a implantação da quarta frota foram reforçados com a crescente militarização da fronteira EUA-México e a construção de novas bases militares e policiais como parte da política antinarcóticos, especialmente na América Central; e
Considerando que: uma série de presidentes latino-americanos atuais e antigos, bem como organizações significativas da sociedade civil nos países mais afetados, se opõem às atuais políticas antidrogas dos EUA, tidas como ineficazes e contraproducentes, com consequências devastadoras para as populações civis;
Fica decidido que:
1) A Associação de Estudos Latino-Americanos insta o Presidente Obama a reduzir a presença militar dos EUA na América Latina, a reverter a militarização das políticas regionais e de fronteiras dos EUA, especialmente as operações antinarcóticos, e a suspender ou reduzir a ajuda às forças militares e policiais em países com violações dos direitos humanos em curso, especialmente México, Honduras e Colômbia;
2) A Associação de Estudos Latino-Americanos insta o Presidente Obama a normalizar relações com Cuba, incluindo a eliminação de tantas restricões de viagens quanto possível, através de portaria, tornando as certificações necessárias para acabar com a designação de Cuba como um estado patrocinador do terrorismo e trabalhando ativamente para obter do Congresso levantamento do embargo e a restauração da plena liberdade de circulação de cidadãos dos EUA a Cuba;
3) A associação de Estudos Latino-Americanos insta o Presidente Obama a respeitar plenamente a soberania da Venezuela e da Bolívia e a prosseguir ativamente com a melhoria das relações, incluindo o reatamento de relações diplomáticas plenas;
4) A Associação de Estudos Latino-Americanos insta o Presidente Obama a rejeitar toda participação direta e indireta dos Estados Unidos em atos ou políticas que enfraqueçam governos democraticamente eleitos da América Latina.
Wikileaks e Delatores
Resolução sobre a Wikileaks e Delatores
Considerando que: o governo dos Estados Unidos procurou censurar a página Wikileaks, publicadora de documentos confidenciais que jogam uma luz inédita sobre a atuação dos Estados Unidos no Além-Mar;
Considerando que: o governo dos EUA deu início a procedimentos criminais contra o delator acusado do exército, o Soldado Bradley Manning, detido em prisão militar desde maio de 2010 sob condições condenadas pelo Relator Especial sobre Tortura das Nações Unidas, Juan Méndez;
Considerando que: a Wikileaks fez grandes esforços para evitar colocar em risco pessoas mencionadas nos documentos divulgados, oferecendo ao governo dos EUA a oportunidade de editar os nomes dos indivíduos, e não liberou informações tais como códigos de armas nucleares que, ao contrário dos documentos divulgados, poderiam colocar efetivamente em risco a segurança global;
Considerando que: a administração Obama processou mais delatores do governo do que todas as administrações dos EUA combinadas, enviando assim um sinal ominoso para o futuro da liberdade acadêmica e jornalística;
Considerando que: o livre acesso a informações sobre atividades do governo é essencial ao funcionamento de uma sociedade democrática, à aplicação do direito internacional e à persecução de conhecimento acadêmico;
Considerando que: organizações acadêmicas têm uma responsabilidade especial para com a defesa dos princípios de transparência governamental e liberdade acadêmica e jornalística;
Considerando que: a Associação de Estudos Latino-Americanos é a maior associação profissional do mundo, devotada ao estudo da América Latina, uma região que tem sido alvo frequente de intervenções norte-americanas e cuja história se encontra intimamente relacionada à dos Estados Unidos;
Fica decidido que:
1) A Associação de Estudos Latino-Americanos insta à administração Obama que reconheça o direito da Wikileaks a publicar informações de interesse público;
2) A Associação de Estudos Latino-Americanos condena o aprisionamento e o tratamento cruéis de Bradley Manning, incluindo o período de mais de nove meses durante o qual Manning foi mantido em confinamento solitário;
3) A Associação de Estudos Latino-Americanos insta à administração Obama que amplie sua proteção para Bradley Manning e outros delatores, de acordo com a Lei de Proteção a Delatores de 1989.