Sobre o LASA2022
Polarización socioambiental y rivalidad entre grandes potencias
Entre os enormes desafios que a América Latina e o Caribe enfrentam no século 21, três desses desafios intimamente ligados terão destaque no Congresso da LASA em 2022: a destruição ambiental e as mudanças climáticas, a polarização socioeconômica e a rivalidade entre grandes potências que chega a afetar a região de uma forma ou de outra. A destruição ambiental e as mudanças climáticas têm se acelerado desde a metade do século 20, mas tomou um novo ímpeto com a virada do século 21. Em nossa região, estes fenômenos estão estreitamente ligados ao novo boom de mercadorias e ao aumento do extrativismo, tanto mineral quanto agrícola. Este novo boom ainda propiciou o surgimento dos governos que autoproclamam-se de esquerda, os seus programas sociais estão focados em aliviar a pobreza, mas raramente tentam modificar as estruturas produtivas que geram e agravam a desigualdade. Idealmente, em nosso congresso, devemos fazer contribuições que restrinjam a destruição ambiental e também sirvam para os novos modelos e práticas, de modo que seja possível alcançar a sua transcendência.
A polarização socioeconômica, infelizmente, é uma das características mais distinguidas da região, fator que piorou mais com a pandemia de COVID-19. Aqui nos referimos à desigualdade econômica e social que está expressa nas formas de discriminação com base na classe social, etnia, gênero, orientação sexual, etc. Em muitos casos, a polarização acelerou os processos de migração, que agora incluem a migração devido ao clima, a exacerbação do conflito causado em lutas por terras, água e também o racismo à medida que os novos grupos vão entrando em contato uns com os outros.
E por último, a crescente competição comercial e a rivalidade entre os Estados Unidos e a China coloca a América Latina em uma situação complicada. Por um lado, o parceiro comercial tradicional, os Estados Unidos, tem sempre sido um poder dominante que extrai o máximo da região e interfere em seus processos políticos sem hesitações. Por outro lado, a China agora está emergindo com uma presença significativa em todas as esferas imagináveis. Como os países da América Latina lidam com esta rivalidade de um modo que minimize o conflito e maximize as vantagens de seus povos? Políticos e acadêmicos na região podem atuar um papel mediador para promover a cooperação entre os poderes. Mas, confrontar com sucesso a mudança climática requer que a América Latina aumente a sua autonomia industrial com base no uso sustentável dos recursos.
Para abordar os problemas descritos acima, propomos cinco áreas temáticas específicas das quais as últimas pesquisas sobre as principais questões serão estudadas e discutidas.
- A extração e a apropriação por multinacionais e governos: O aumento dos níveis das dívidas nacional e privada acompanha os níveis de extração e apropriação acelerados. Como o comércio multilateral e os tratados de investimento afetam o fluxo de materiais e energias da América Latina para os EUA e a China? Como os agentes privados e públicos afetam o desmatamento, apropriação de terras, mineração e desflorestação legal e ilegal? Quais formas de manipulação fraudulenta acompanham os direitos de propriedade intelectual e economias virtuais emergentes?
- Presentes tóxicos e futuros imaginários: A cultura do antropoceno ou capitaloceno implica em uma toxicidade globalizada. A toxicidade é normalizada como um preço necessário para o crescimento econômico. Os danos infringidos são vagarosos, invisíveis e distribuídos desigualmente. Os corpos de plantas, animais e seres humanos mudam, adoecem e morrem sob o impacto de substâncias tóxicas e patógenos. Quais são as histórias destes corpos e as narrativas na questão de fluxos tóxicos e transmissões patogênicas (tal como a pandemia atual de COVID-19)? Como a toxicidade perturbam as ordens naturais e formas de vida existentes enquanto mantêm outras formas de vida em outras escalas? Como os humanos e não humanos adaptam-se e resistem às condições tóxicas? Quais discursos tóxicos justificam as economias tóxicas?
- Rivalidade entre grandes potências: No mínimo desde 2010, a rivalidade entre os Estados Unidos e a República Popular da China tornou-se mais generalizada e intensificada. Essa competição conflitiva tem efeitos significativos nos países e regiões do terceiro mundo. Praticamente, não há um campo das ciências sociais não envolvido ou afetado por estas tensões e a divisão crescente. Quais são as condições desta rivalidade e qual impacto gerou nas infraestruturas, mineração e consumo da América Latina? Qual é a sua relevância para o futuro da América Latina e do Caribe e o seu impacto ambiental?
- Ecologias políticas e novo pensamento ambiental: Ecologia política, o estudo das relações de poder que podem surgir no campo socioambiental, emergiu na América Latina como um campo interdisciplinar central para o pensamento sobre a sociedade/relações ambientais. Como as disputas entre os sistemas de conhecimento e os modos de existência no mundo são aliadas às questões de justiça ambiental e injustiça, classe, raça e custos sociais para as futuras gerações na produção industrial, infraestrutura e tendência de consumo para destruir a verdadeira base dos modos de vida urbanas e rurais? Como a ecologia política integra as mudanças propostas pela nova rivalidade na economia global?
- Polarização e modelos de desenvolvimento: A América Latina e o Caribe (LAC) têm sido umas das regiões mais afetadas pela implementação do modelo de desenvolvimento neoliberal desde 1980, com algumas exceções importantes. Uma de suas características mais significativas do desenvolvimento neoliberal, além de sua filosofia de exportação de seu sistema produtivo, têm tido um profundo impacto na polarização a nível doméstico, companhias, setores e regiões dentro dos países em si. Desde então, também foram notados movimentos alternativos intelectuais, sociais e políticos sob as perspectivas socioecológicas, anti-neoliberais, pós-neoliberais ou socialistas dos slogans do século 21 - e desde o começo do século 21, intensificaram-se. Quais efeitos socioeconômicos e socioecológicos foram gerados pela estratégia seguida desde os anos 80 - em alguns países até mais cedo - e quais as diferenças entre as regiões e os países LAC? Quais experiências são relevantes na terceira década do século 21 para a discussão de alternativas?